Visto meu corpo de gordo
com a armadura de um cavaleiro andante
mas trago a agilidade do trapézio
no absurdo do meu salto.
Dias a fio desafio a física
contrariando as leis da gravidade,
já que a farta matéria que me cobre os ossos
deveria me dar o ritmo das pedras.
Mas meu gesto é fácil e meu passo é vôo.
Meu pulo é largo e espanta os tristes
e todos aqueles que, de medo,
guardaram mes saltos no bolso da rotina.
Meu corpo livre, volumoso e leve
é como um traje espacial
e saio pelo espaço.
Não tenho tubos me ligando ao módulo
mas já tive um cordão muito umbilical.
Eu sou o astronauta sem regime,
o dom Quixote do carboidrato.
J.s.
Extraído do livro do Jô Soares 'O Astronauta sem Regime' - p.4
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