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Obesos lutam por ''direito de ser gordo''


Vítimas de discriminação, fundaram associação há cerca de 40 anos e ganham espaço no meio editorial
Gustavo Chacra

Os gordos e obesos querem defender seus direitos nos EUA, assim como negros, mulheres, muçulmanos e homossexuais. Eles não aguentam mais serem recusados por algumas seguradoras, tornarem-se sinônimos de diabetes e doenças do coração, correrem o risco de pagar mais por passagens aéreas e serem algo de gozação na escola.

Enquanto milhões de americanos lutam para perder peso, algumas pessoas pretendem continuar com a forma atual, como rebeldes que não querem imposições da sociedade.

Fundada há 40 anos, mas tornando-se mais conhecida agora, a Naafa (Associação Nacional para o Avanço da Aceitação dos Gordos, na sigla em inglês) busca "ajudar a construir uma sociedade na qual as pessoas de todos os tamanhos sejam aceitas com dignidade e igualdade".

De acordo com o site da entidade, que organiza um congresso neste fim de semana em Washington, "em uma sociedade obcecada com a magreza, em que se acredita firmemente que os gordos são culpados por seu tamanho, ainda é politicamente correto estigmatizá-los e ridicularizá-los. A discriminação contra os gordos é uma das últimas a ainda serem aceitas".

Peggy Howell, diretora da Naafa, afirmou ao Estado que ela própria não conseguiu seguro-saúde por causa do peso. "Pediram para que eu emagrecesse antes." Para ela e os integrantes da organização, o problema não está no peso da pessoa e sim no que come. "A pessoa pode ser gorda mesmo com uma alimentação saudável e se exercitando. Um magro que se alimente mal terá mais riscos de desenvolver problemas no coração e diabetes."

A organização informa que uma em cada três meninas obesas sofre com preconceito nas escolas, assim como um quarto dos meninos. A Naafa deve publicar um guia ensinando os professores sobre como educar os alunos mais gordos.

O tema "direito dos gordos" já chegou até à academia. Universidades americanas desenvolvem grupos de "estudos dos gordos", sem ligação com a área de saúde, mas com a parte sociológica do problema, relacionada ao preconceito. Em breve, será publicado o livro Fat Studies Reader, com artigos sobre os problemas enfrentados pelos gordos no país.

MÉDICOS APONTAM RISCOS

Os médicos dizem que não é bem assim e que ser gordo traz riscos e custos. A obesidade, de acordo com pesquisas da Federação Internacional de Diabetes, da Associação Americana do Coração e de outras organizações de saúde americanas e internacionais, é frequentemente associada a pressão alta, colesterol elevado, diabete e sedentarismo.

Todos são fatores de risco cardiovascular, uma das principais causas de morte. Além disso, a obesidade aumenta a incidência de vários tipos de câncer, problemas de articulação e coluna. Os médicos concordam em parte com os movimentos gordos, ao alertar para a grave repercussão psicológica da obesidade, causando muitas vezes depressão acentuada - especialmente no sexo feminino, onde a pressão social é maior.

Veja a matéria na íntegra: http://www.estadao.com.br:80/estadaodehoje/2009080

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