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Fat Girl - a true story

"Sou gorda. Não a ponto de não ser capaz de apertar o cinto no avião, mas lá gorda sou. Queria escrever acerca do que significou e significa para mim o facto de ser gorda.(...)Não sou uma activista gorda. Não se trata aqui da necessidade da aceitação de pessoas gordas, embora preferisse que as pessoas magras não me considerassem repugnante.Sei por experiência própria o que é ter sido magra e ter ouvido as pessoas magras falarem das gordas, e como é frequente os magros denegrirem os gordos. Na melhor das hipóteses sentem pena deles. Também sei que quando uma pessoa magra olha para uma gorda, a magra considera a gorda menos virtuosa que ela.


A gorda carece de força de vontade, de orgulho, dessa miserável atitude, a "auto-estima", e não se preocupa com os amigos nem com os familiares, porque se se preocupasse com eles não andaria pelo mundo com esse aspecto de repugnante suíno, rinoceronte, hipopótamo, elefante, de monstro de grandes beiços e cheio de banhas. (...).
 Detesto-me. Quase sempre me detestei. Tenho boas razões para o fazer, mas não por más acções praticadas. Não me odeio por traições, por ter apunhalado nas costas alguém que tenha confiado em mim. Detesto-me por não ser bonita. Detesto-me por ser gorda. (...)Ter-me-ia porventura o amor servido de alguma coisa? Creio que o amor não me teria tornado magra. Além do mais, chegado o momento em que pensei no "amor" como sendo uma resposta, era demasiado tarde.
Eu era demasiado gorda para o amor. Mesmo quando era magra, era gorda.(...). Nunca desenvolvi tendências suicidas, mas também não dei pulos de alegria. (...). Entre as razões que levam as pessoas a guardar para si as histórias tristes encontra-se a de não quererem que se tenha pena delas. Eu não o quero. Não quero que tenham pena de mim. Sou aquilo que sou."

excertos de: Fat Girl de Judith Moore

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